2.4. A DINÂMICA DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA:
Segundo COLELLO (1995, p.31), a evolução na aprendizagem da escrita não é linear nem tampouco controlável pelos diferentes tidos de alfabetização, contrariamente ao que costumam pensar os educadores tradicionais.
Trata-se, conforme demonstrou FERREIRO e TEBEROSKY (1986), de um processo de elaboração psicogeneticamente ordenado. Pessoal porque, embora possa ser estimulada, a aprendizagem depende exclusivamente do indivíduo. Psicogenéticamente ordenado porque essa aprendizagem é caracterizada por estágios cuja sucessão independe da idade da criança, mas sim das oportunidades de contato que ela tenha tido com a leitura e escrita. Em outras palavras, cada passo dessa conquista depende das condições que o indivíduo tenha para testar as suas hipóteses, surpreender-se com os resultados e encontrar bons motivos para substituir suas concepções iniciais por outras mais elaboradas e próximas do sistema convencional da escrita.
Conforme COLELLO (1995, p. 32), o homem está condenado a teorizar o mundo. A lógica interna das hipóteses criadas acaba por ser rompida pela inconsistência das teorizações feitas em face da realidade. Os conflitos gerados induzem a muitas questões que, a princípio, não são acessíveis à criança e com as quais ela não admite convivência passiva. A busca de novas alternativas, isto é, a tentativa de elaborar novas hipóteses ou concepções é um dos momentos mais sublimes do processo de construção do conhecimento, embora ele possa ser angustiante para o indivíduo em questão.
Quanto mais se fizer girar o "ciclo do conhecimento", maior será a proximidade entre as concepções infantis a respeito da escrita e o sistema convencional usado em nossa sociedade (COLELLO, 1995, p.33).
Lamentavelmente, grande parte dos professores não compreendem essa trajetória e os sentimentos ou necessidades aí envolvidos. Sendo assim, fica difícil valorizar, criar condições, ou mesmo respeitar o desenvolvimento desse processo que, embora longo e pessoal, é indiscutivelmente muito fértil, como afirma COLELLO (1995, p. 33).
Do ponto de vista pedagógico, a questão fundamental é saber como estimular a evolução das concepções e a testagem das hipóteses.
Muitos daqueles que se propõem a aplicar as teorias de Piaget e Emilia Ferreiro em sala de aula, orientam as atividades para o nível em que o indivíduo se encontra, não considerando o seu potencial para a evolução.
Porém, como bem demonstra COLELLO (1995, p. 34), na prática, o educador acaba aprisionando o aluno em propostas de trabalho muito específicas e sem dificuldades que não necessariamente desequilibram as concepções já conquistadas.
A esse respeito, segundo COLELLO (1995, p.34), é decisiva a contribuição de Vygotski (1987). Este autor provou que diferentes crianças podem resolver problemas acima da sua idade mental (ou estágio de conhecimento) desde que tenham uma pequena ajuda. Naturalmente, essa realização em um nível cooperativo, hoje, prepara para o desempenho individual de amanhã, justificando um melhor aproveitamento na escola.
Trata-se de uma predisposição para a aprendizagem em um determinado campo, que faz a maior diferença até entre crianças que estão no mesmo estágio de evolução. A "zona de desenvolvimento proximal" é exatamente a distância entre a idade mental e o nível dos problemas que uma pessoa consegue resolver com a assistência de outra.
Assim, por exemplo, duas crianças que hoje estão na fase silábica podem apresentar diferentes zonas de desenvolvimento proximal, o que justifica o modo como problematizam as suas respectivas concepções e, conseqüentemente, os diferentes ritmos de aprendizagem.
A implicação dessa descoberta fornece aos educadores uma importante pista sobre a dinâmica do processo de conhecimento. Ela chama a atenção para a necessidade de se estimular as funções em desenvolvimento na criança, voltando a ação pedagógica para o futuro e não para o passado. As atividades desenvolvidas em sala de aula serão mais eficazes na medida em que elas puderem conciliar um limiar mínimo e máximo de dificuldade: devem ser suficientemente fáceis para que possam ser compreendidas e o suficientemente desequilibrantes para representar um desafio. De qualquer forma, o que dá o tom no processo de aprendizagem é o esforço de reflexão para a resolução de problemas.
A análise da construção do conhecimento, segundo COLELLO (1995, p.35), traz à tona duas questões que nos parecem de singular importância:
Como se configuram as concepções/hipóteses infantis em função da escrita convencional (isto é, em função dos tradicionais parâmetros de certo e errado)?
Como a variação do significado da escrita nos diferentes estágios de evolução determina as possibilidades do indivíduo de operar com esse objeto (a escrita)?
A primeira questão nos remete à compreensão do erro construtivo e do seu papel no processo de aprendizagem. A segunda refere-se às possibilidades do sujeito de lidar com a escrita nos diferentes estágios de compreensão da língua escrita.
Trata-se, conforme demonstrou FERREIRO e TEBEROSKY (1986), de um processo de elaboração psicogeneticamente ordenado. Pessoal porque, embora possa ser estimulada, a aprendizagem depende exclusivamente do indivíduo. Psicogenéticamente ordenado porque essa aprendizagem é caracterizada por estágios cuja sucessão independe da idade da criança, mas sim das oportunidades de contato que ela tenha tido com a leitura e escrita. Em outras palavras, cada passo dessa conquista depende das condições que o indivíduo tenha para testar as suas hipóteses, surpreender-se com os resultados e encontrar bons motivos para substituir suas concepções iniciais por outras mais elaboradas e próximas do sistema convencional da escrita.
Conforme COLELLO (1995, p. 32), o homem está condenado a teorizar o mundo. A lógica interna das hipóteses criadas acaba por ser rompida pela inconsistência das teorizações feitas em face da realidade. Os conflitos gerados induzem a muitas questões que, a princípio, não são acessíveis à criança e com as quais ela não admite convivência passiva. A busca de novas alternativas, isto é, a tentativa de elaborar novas hipóteses ou concepções é um dos momentos mais sublimes do processo de construção do conhecimento, embora ele possa ser angustiante para o indivíduo em questão.
Quanto mais se fizer girar o "ciclo do conhecimento", maior será a proximidade entre as concepções infantis a respeito da escrita e o sistema convencional usado em nossa sociedade (COLELLO, 1995, p.33).
Lamentavelmente, grande parte dos professores não compreendem essa trajetória e os sentimentos ou necessidades aí envolvidos. Sendo assim, fica difícil valorizar, criar condições, ou mesmo respeitar o desenvolvimento desse processo que, embora longo e pessoal, é indiscutivelmente muito fértil, como afirma COLELLO (1995, p. 33).
Do ponto de vista pedagógico, a questão fundamental é saber como estimular a evolução das concepções e a testagem das hipóteses.
Muitos daqueles que se propõem a aplicar as teorias de Piaget e Emilia Ferreiro em sala de aula, orientam as atividades para o nível em que o indivíduo se encontra, não considerando o seu potencial para a evolução.
Porém, como bem demonstra COLELLO (1995, p. 34), na prática, o educador acaba aprisionando o aluno em propostas de trabalho muito específicas e sem dificuldades que não necessariamente desequilibram as concepções já conquistadas.
A esse respeito, segundo COLELLO (1995, p.34), é decisiva a contribuição de Vygotski (1987). Este autor provou que diferentes crianças podem resolver problemas acima da sua idade mental (ou estágio de conhecimento) desde que tenham uma pequena ajuda. Naturalmente, essa realização em um nível cooperativo, hoje, prepara para o desempenho individual de amanhã, justificando um melhor aproveitamento na escola.
Trata-se de uma predisposição para a aprendizagem em um determinado campo, que faz a maior diferença até entre crianças que estão no mesmo estágio de evolução. A "zona de desenvolvimento proximal" é exatamente a distância entre a idade mental e o nível dos problemas que uma pessoa consegue resolver com a assistência de outra.
Assim, por exemplo, duas crianças que hoje estão na fase silábica podem apresentar diferentes zonas de desenvolvimento proximal, o que justifica o modo como problematizam as suas respectivas concepções e, conseqüentemente, os diferentes ritmos de aprendizagem.
A implicação dessa descoberta fornece aos educadores uma importante pista sobre a dinâmica do processo de conhecimento. Ela chama a atenção para a necessidade de se estimular as funções em desenvolvimento na criança, voltando a ação pedagógica para o futuro e não para o passado. As atividades desenvolvidas em sala de aula serão mais eficazes na medida em que elas puderem conciliar um limiar mínimo e máximo de dificuldade: devem ser suficientemente fáceis para que possam ser compreendidas e o suficientemente desequilibrantes para representar um desafio. De qualquer forma, o que dá o tom no processo de aprendizagem é o esforço de reflexão para a resolução de problemas.
A análise da construção do conhecimento, segundo COLELLO (1995, p.35), traz à tona duas questões que nos parecem de singular importância:
Como se configuram as concepções/hipóteses infantis em função da escrita convencional (isto é, em função dos tradicionais parâmetros de certo e errado)?
Como a variação do significado da escrita nos diferentes estágios de evolução determina as possibilidades do indivíduo de operar com esse objeto (a escrita)?
A primeira questão nos remete à compreensão do erro construtivo e do seu papel no processo de aprendizagem. A segunda refere-se às possibilidades do sujeito de lidar com a escrita nos diferentes estágios de compreensão da língua escrita.