DISCALCULIA
Jacqueline Andréa Glaser
Psicopedagoga
A habilidade para realizar cálculos matemáticos não é universal como é a da linguagem verbal, além disso, a capacidade para calcular numericamente é influenciada por variáveis culturais e educacionais.
O interesse por conhecer as bases cognitivas do raciocínio matemático é relativamente recente.Os trabalhos de Piaget sobre a noção da construção do número ampliaram consideravelmente o conhecimento dos processos do pensamento matemático da criança.
A partir de Luria (dec. de 60), se começou a estudar de forma mais sistemática a acalculia.
Estudos dos processos cognitivos mentais envolvidos nas operações matemáticas dizem que a realização de uma operação matemática se inicia com o reconhecimento numérico o qual depende de um processamento verbal e de um reconhecimento perceptual. A realização de operações matemáticas exige uma discriminação visoespacial para organizar os números em colunas, dispor os espaços adequadamente entre os números e iniciar a operação da direita para a esquerda. As memórias em curto prazo associadas a uma capacidade atencional exercem um papel fundamental no desempenho matemático.
Tem-se observado que os mecanismos neurais centrais implicados no reconhecimento dos números parecem ser diferentes dos que participam na solução de problemas matemáticos, já que tais mecanismos podem-se alterar diferentemente em casos de dano cerebral focal: um paciente pode apresentar dificuldade no reconhecimento de números com conservação da habilidade para realizar operações matemáticas.
O termo "discalculias do desenvolvimento" é um transtorno específico para a matemática, que se refere a uma dificuldade anormal para aprender a realizar operações matemáticas. Esta dificuldade impede um rendimento escolar adequado no manejo de números, em contraste com um potencial cognitivo normal. Este transtorno não deve ser explicado por uma diminuição da capacidade visual ou auditiva, nem por uma condição neurológica estabelecida (DSM IV / 94).
A estimativa é de que aproximadamente 6 % das crianças em idade escolar apresentem discalculias do desenvolvimento.
Nas discalculias adquirida (acalculia), o transtorno matemático é conseqüente a uma lesão cerebral conhecida. Os processos cerebrais que embasam a gênese dos dois transtornos poderiam ser os mesmos, já que as formas de erros que apresentam os indivíduos com os dois tipos de discalculias são semelhantes.
Em crianças com uma lesão cerebral estabelecida, é pequena a freqüência de discalculias como fenômeno isolado,em geral, as lesões cerebrais em idade precoce produzem uma síndrome cognitiva mais complexa que inclui além dos defeitos do cálculo, problemas de linguagem e de memória, entre outros.
As crianças com discalculias do desenvolvimento podem apresentar dificuldades no reconhecimento de números e na realização de qualquer operação matemática. A severidade do transtorno é variável e se pode encontrar dificuldades especificas em alguns processos de cálculo numérico, por exemplo: para ler os números em um código verbal e não em um código de números. Também é possível ver dificuldades em algumas operações e em outras não.
Rourke (93) propõe classificar as discalculias do desenvolvimento em dois grupos:
1- associada com problemas de linguagem (dislexia): dificuldade na compreensão de instruções e problemas verbais, e redução na capacidade de memória verbal;
2- associada a dificuldades espaços-temporais: discalculias com problemas de sequencialização e reversão de números.
As crianças com discalculias podem apresentar também prosódia inadequada na linguagem verbal, dificuldade na interpretação de eventos não verbais e problemas de adaptação emocional. Acreditava-se que o transtorno de aprendizagem não verbal associado com uma disfunção do hemisfério direito seria caracterizado por dificuldades visoespaciais, de coordenação viso-motora e problemas de raciocínio na formação de conceitos e no manejo matemático. Estes achados neuropsicológicos sugeriam a presença de imaturidade funcional do hemisfério cerebral direito como evento neurofisiológico inerente à origem das discalculias. A partir de estudos feitos em crianças com uma suposta disfunção do hemisfério cerebral esquerdo que apresentavam um número significativamente maior de erros visoespaciais e maior dificuldade para realização de operações matemáticas do que no grupo com disfunção direita. As conclusões sugerem a participação dos dois hemisférios cerebrais nos processos matemáticos.
Alguns autores consideram que as discalculias não aparecem como uma manifestação isolada de disfunção cerebral, que faz parte da "Síndrome de Gerstmann”, na qual também aparecem: agnosias digital, disgrafia e desorientação direito-esquerda.
O prognóstico das discalculias de desenvolvimento depende de variáveis tais como: severidade do transtorno, grau de deficiência da criança na execução de provas neuropsicológicas, prontidão para iniciar o tratamento e a cooperação dos pais como coadjuvantes do tratamento.
A ansiedade e a depressão podem estar presentes nos transtornos de aprendizagem, sempre se deve avaliar a importância desses componentes no agravamento dos problemas com a matemática.
Caso a criança com discalculias do desenvolvimento não apresente um progresso esperado na reabilitação, pode ter uma probabilidade maior de apresentar outros transtornos neurológicos ou neuropsicológicos.Por isso a necessidade de se avaliar permanentemente o efeito do tratamento.
Psicopedagoga
A habilidade para realizar cálculos matemáticos não é universal como é a da linguagem verbal, além disso, a capacidade para calcular numericamente é influenciada por variáveis culturais e educacionais.
O interesse por conhecer as bases cognitivas do raciocínio matemático é relativamente recente.Os trabalhos de Piaget sobre a noção da construção do número ampliaram consideravelmente o conhecimento dos processos do pensamento matemático da criança.
A partir de Luria (dec. de 60), se começou a estudar de forma mais sistemática a acalculia.
Estudos dos processos cognitivos mentais envolvidos nas operações matemáticas dizem que a realização de uma operação matemática se inicia com o reconhecimento numérico o qual depende de um processamento verbal e de um reconhecimento perceptual. A realização de operações matemáticas exige uma discriminação visoespacial para organizar os números em colunas, dispor os espaços adequadamente entre os números e iniciar a operação da direita para a esquerda. As memórias em curto prazo associadas a uma capacidade atencional exercem um papel fundamental no desempenho matemático.
Tem-se observado que os mecanismos neurais centrais implicados no reconhecimento dos números parecem ser diferentes dos que participam na solução de problemas matemáticos, já que tais mecanismos podem-se alterar diferentemente em casos de dano cerebral focal: um paciente pode apresentar dificuldade no reconhecimento de números com conservação da habilidade para realizar operações matemáticas.
O termo "discalculias do desenvolvimento" é um transtorno específico para a matemática, que se refere a uma dificuldade anormal para aprender a realizar operações matemáticas. Esta dificuldade impede um rendimento escolar adequado no manejo de números, em contraste com um potencial cognitivo normal. Este transtorno não deve ser explicado por uma diminuição da capacidade visual ou auditiva, nem por uma condição neurológica estabelecida (DSM IV / 94).
A estimativa é de que aproximadamente 6 % das crianças em idade escolar apresentem discalculias do desenvolvimento.
Nas discalculias adquirida (acalculia), o transtorno matemático é conseqüente a uma lesão cerebral conhecida. Os processos cerebrais que embasam a gênese dos dois transtornos poderiam ser os mesmos, já que as formas de erros que apresentam os indivíduos com os dois tipos de discalculias são semelhantes.
Em crianças com uma lesão cerebral estabelecida, é pequena a freqüência de discalculias como fenômeno isolado,em geral, as lesões cerebrais em idade precoce produzem uma síndrome cognitiva mais complexa que inclui além dos defeitos do cálculo, problemas de linguagem e de memória, entre outros.
As crianças com discalculias do desenvolvimento podem apresentar dificuldades no reconhecimento de números e na realização de qualquer operação matemática. A severidade do transtorno é variável e se pode encontrar dificuldades especificas em alguns processos de cálculo numérico, por exemplo: para ler os números em um código verbal e não em um código de números. Também é possível ver dificuldades em algumas operações e em outras não.
Rourke (93) propõe classificar as discalculias do desenvolvimento em dois grupos:
1- associada com problemas de linguagem (dislexia): dificuldade na compreensão de instruções e problemas verbais, e redução na capacidade de memória verbal;
2- associada a dificuldades espaços-temporais: discalculias com problemas de sequencialização e reversão de números.
As crianças com discalculias podem apresentar também prosódia inadequada na linguagem verbal, dificuldade na interpretação de eventos não verbais e problemas de adaptação emocional. Acreditava-se que o transtorno de aprendizagem não verbal associado com uma disfunção do hemisfério direito seria caracterizado por dificuldades visoespaciais, de coordenação viso-motora e problemas de raciocínio na formação de conceitos e no manejo matemático. Estes achados neuropsicológicos sugeriam a presença de imaturidade funcional do hemisfério cerebral direito como evento neurofisiológico inerente à origem das discalculias. A partir de estudos feitos em crianças com uma suposta disfunção do hemisfério cerebral esquerdo que apresentavam um número significativamente maior de erros visoespaciais e maior dificuldade para realização de operações matemáticas do que no grupo com disfunção direita. As conclusões sugerem a participação dos dois hemisférios cerebrais nos processos matemáticos.
Alguns autores consideram que as discalculias não aparecem como uma manifestação isolada de disfunção cerebral, que faz parte da "Síndrome de Gerstmann”, na qual também aparecem: agnosias digital, disgrafia e desorientação direito-esquerda.
O prognóstico das discalculias de desenvolvimento depende de variáveis tais como: severidade do transtorno, grau de deficiência da criança na execução de provas neuropsicológicas, prontidão para iniciar o tratamento e a cooperação dos pais como coadjuvantes do tratamento.
A ansiedade e a depressão podem estar presentes nos transtornos de aprendizagem, sempre se deve avaliar a importância desses componentes no agravamento dos problemas com a matemática.
Caso a criança com discalculias do desenvolvimento não apresente um progresso esperado na reabilitação, pode ter uma probabilidade maior de apresentar outros transtornos neurológicos ou neuropsicológicos.Por isso a necessidade de se avaliar permanentemente o efeito do tratamento.